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Os Evangélicos e a educação teológica

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.” (2 Tm 4.3-4)

Teologia quer dizer estudo de Deus. Isso é bom ou é mal? Depende, pois existem a teologia verdadeira e as teologias falsas. À teologia verdadeira, a qual é de Deus (Tt 2.10), devemos nos apegar para aprender, praticar, divulgar e, se necessário, até por ela morrer. As teologias falsas devem ser simplesmente, impugnadas, pois elas ou são de homens (Mt 15.9), ou de demônios (1 Tm 4.1), ou de ambas as fontes. Teologia e doutrina são as mesmas coisas.

Segundo Milard J. Erickson, no seu livro Introdução à Teologia Sistemática, p 19, as fontes para o estudo de Deus são as seguintes: a natureza, isto é, as obras criadas por Deus; a tradição cristã, ou seja, as coisas que são ensinadas e praticadas pelas instituições cristãs; As Escrituras Sagradas; e, as experiências religiosas.  

A teologia verdadeira, embora se utilize de todas essas fontes citadas aqui, canaliza tudo para o juízo final das Sagradas Escrituras, de tal modo que elas, de Gênesis a Apocalipse se torna a única fonte segura de informações sobre o Criador, e a portadora de preceitos infalíveis para todo o proceder do crente nesta vida.

A teologia verdadeira, não é “a tia Luzia”, como alguns críticos religiosos, movidos por experiências bizarras, pensamentos judiciosos, brutalidade irracional (2 Pe 2.12), fanatismo e orgulho denominacional, impropera contra quem gosta de estudar a Bíblia e a doutrina, para conhecer mais e mais o Senhor e viver uma vida de obediência a ele.

A teologia verdadeira não é um empecilho às experiências religiosas ou à praticidade da fé como alguns assim apregoam, pelo contrário, é através dela que chegamos à verdadeira fé (Rm 10.17), ao verdadeiro Deus (Jo 7.17), e à verdadeira liberdade produzida pelo Cristo de Deus (Jo 8.32, 36).

Jamais poderemos adorar ao verdadeiro Deus sem a verdadeira teologia. Sem a verdadeira teologia seremos como meninos, agitados, levados por vento de doutrina produzido pelas artimanhas dos homens que astutamente procuram conduzir o povo ao erro, trabalhando contra a unidade da fé verdadeira, e o crescimento espiritual dos crentes em Cristo (Ef 4.13-15).

A verdadeira teologia não é contra a leitura e o estudo da Bíblia, pelo contrário, ela força o estudante crente a examinar a Bíblia para ver se essa teologia de fato se encontra na Bíblia. Foi pensando assim que o Apostolo Paulo elogiou o povo bereano (At 17.11).

Para mim é a maior ignorância do mundo um crente ter a teologia verdadeira como um atraso espiritual. Enquanto o mundo assevera que a educação secular é a única saída para dignificar o homem, muitos crentes vêem na educação teológica uma ameaça à dignidade cristã.  Tão ignorantes são tais tipos de crentes que não sabem eles que suas afirmações, sejam verdadeiras ou falsas, acerca de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, da Bíblia, da igreja, do modo de vida cristão, da vida por vir, são frutos de uma teologia produzidos por eles mesmos, ou por algum teólogo que eles admiram, ou pelas igrejas por onde eles perambulam.

Aqui no Brasil se diz que todo brasileiro é um técnico de futebol; para o pensamento cristão cada homem é um teólogo, especialmente se for cristão. Todos apregoam uma teologia. Como? Cada afirmação que fazemos à cerca de Deus é uma expressão ou opinião teológica que cremos e confessamos ser verdadeira.  

Quando dizemos que Deus é bom, estamos simplesmente, falando de um atributo divino, e o que é isso senão uma declaração teológica? Quem disse que Deus é bom? Esta informação pode ter sido colhida da Bíblia, das obras da natureza,  da própria experiência religiosa, e ou da tradição religiosa, isto é, dos ensinos doutrinários das igrejas cristãs. 

Outra afirmação corrente é que a teologia é incompatível com o espírito da unidade cristã, pois a doutrina causa divisão.  Tal argumento é muito usado pelos ecumênicos, que em sua luta para alcançar tal unidade, vê a teologia como a ameaça mais feroz. Só que essa gente, diz que não quer saber de doutrina, mas, têm as suas próprias doutrinas, que em sua opinião, são corretíssimas, e nunca irão abrir mão das mesmas. 

Esses "bonachões" querem que todas as religiões ou teologias se submetam a eles. Tomam a expressão de Jesus Cristo como base, onde ele diz, “...então haverá um rebanho e um pastor” (Jo10.16), e interpretam que esse rebanho é sua denominação,  e o pastor, é o líder da tal denominação. Essa interpretação dos ecumênicos, não é um grande exemplo de doutrina falsa? 

Dou graças a Deus porque a teologia, de fato causa divisão, e esse é o seu papel: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hb 4.12).

Com efeito, é a doutrina que separa o certo do errado, senão vejamos: Todos dizem que crêem no mesmo Deus;  todos usam a mesma Bíblia, apesar das distorções de traduções, mas, que na realidade não influência no contexto geral da história da salvação; todos dizem pertencer à mesma igreja de Cristo; e, todos nutrem asperança da mesma salvação. Qual pois a razão da separação? 

Com certeza a doutrina faz a diferença e causa a divisão: a teologia verdadeira une a igreja verdadeira, e as falsas, unem os falsos cristãos. Isso é um fato! A doutrina exerce grande influência na crença,  no modo de vida, e na forma de culto. Não é por causa da doutrina que o verdadeiro crente não quer ídolos no seu coração, na sua casa e nem na igreja que ele faz parte? Por acaso outras teologias não favorecem o uso dos ídolos? Qual das duas está correta?

É lamentável que haja tantos pastores e crentes evangélicos que repudiam o estudo e o ensino meticuloso das Escrituras Sagradas. Muitos deles dizem até que só usam a Bíblia, e usam esse chavão para repudiarem quem estuda a Bíblia de forma sistemática, buscando nela o gotejar da doutrina de Deus (Dt 32.2-3). E o que é estudar e ensinar a Bíblia senão o ápice da teologia verdadeira?  A teologia falsa repudia essas coisas.


A igreja que nega o ensino da doutrina está fraudando esse ministério, pois está em desobediência à toda Bíblia, especialmente, a Jesus Cristo que ordenou que se ensinassem o que ele ensinou (Mt 28.20). 

Será que todas as igrejas não têm o seu corpo doutrinário? A igreja que não tem a doutrina verdadeira, tem a falsa. Esta que tem a falsa doutrina é uma barca furada; sai dela enquanto é tempo, senão tu te afogarás (Ap 18.4). 

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